Quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade na UEL, já fazia estágios em clínicas particulares porque queria conhecer a rotina de um médico veterinário. Então, nas férias ia para a casa dos meus pais em outra cidade e ficava acompanhando os atendimentos nas clínicas veterinárias perto de onde eles moravam.

Ainda tinha muitas coisas para aprender, várias matérias para estudar, mas já no primeiro ano eu estava ficando muito frustrada porque comecei a ver que muitos pacientes acabavam indo para eutanásia. Com 4 anos e pouco de faculdade pela frente, era muito triste imaginar que estudaria 5 anos para chegar no final e ter que realizar tantas eutanásias porque em alguns casos simplesmente “não tinha mais o que fazer”. Eram casos de paralisias, convulsões, cinomose, sequelas de cinomose, às vezes até por se tratar de um cão agressivo, e eu não me conformava com a quantidade de pacientes que precisávamos desistir porque não existia tratamento. Sempre amei muito os animais, cresci com a nossa gatinha, então eu sabia também a dor da pessoa que estava precisando se despedir de seu pet daquela forma.

Um pouco depois, quando estava no segundo ano de faculdade, assisti a uma palestra de um médico veterinário que contou sobre a sua rotina como médico veterinário acupunturista. Apresentou vários casos clínicos, mostrando a recuperação dos movimentos de pacientes paralíticos, redução de medicamentos agressivos no tratamento de doenças crônicas, a possibilidade de dar mais qualidade de vida e longevidade para muitos animais. Ali consegui ver que existia sim, mais alguma coisa a fazer pelos nossos pacientes, e a possibilidade de dar mais tempo de convivência com qualidade para os pets e seus familiares.

Assim, logo que me formei consegui emprego em clínicas veterinárias e trabalhava como clínica médica, cirurgiã, plantonista, e junto comecei a fazer a minha primeira pós-graduação em Acupuntura Veterinária.

Os meus primeiros pacientes de acupuntura foram aqueles que vinham para a clínica onde eu trabalhava, e por não ter mais o que fazer por eles segundo a medicina convencional, já estavam autorizados para a eutanásia. Então eu telefonava para os clientes pedindo a autorização para eu adiar a eutanásia, realizar acupuntura, como uma tentativa de recuperar o paciente, e felizmente, começou a dar certo. Graças a esses pacientes que chegaram até o corredor da morte, tive a oportunidade de estudar, praticar e comprovar que a acupuntura funciona. Desde então já são mais de 20 anos ajudando a recuperar e aumentar a expectativa de vida de muitos e muitos pets, proporcionando muito mais momentos de alegria a seus familiares.